terça-feira, junho 30, 2009

A gente leva porrada, mas dança

Mal pra caralho, mas dança.

Desculpem botar o link, mas não tem reza brava que faça uploadar vídeo no Blogger, ao menos no meu computador.


segunda-feira, junho 29, 2009

Radiografia

Poema em Linha Reta (Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedindo emprestado sem pagar,
Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par disto tudo neste mundo.

Toda gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se eu oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que tenho sido vil, literalmente vil
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Post escrito para o mundo e dedicado à minha amiga Paula, meu único par a levar porrada nesse mundo.

sábado, junho 27, 2009

"Eu te dizia: eu me apaixono todo dia e é sempre a pessoa errada"

Pessoas, me apaixonei essa noite. Por um homem incrível, de voz de veludo, cara de ursinho e gestualidade cativante. Ele só tem dois problemas: mora no Egito e é o homem mais bem casado do mundo. Tipo: até eu pegava a mulher dele.

O moço se chama Yasser Al Swery e cantou para mim durante quase duas horas essa noite. Agradeci as dicas do meu professor de canto (saudades, Herr Spohr) para aproveitar cada nota. Tenho problemas com músicos. Não consigo ouvir alguém performar tão bem assim e não me apaixonar. E ele dançando dabke com ela. Ai, meu Deus. (Nuran, saudades também!)

Ela? Ela é nada menos que linda, russa, ruiva e bellydancer Nour - uma das maiores bailarinas e das mais bonitas mulheres do mundo. Ai.

Agora vou dormir, suspirando. Apaixonada pelos homens errados (sim, vários de uma vez) como sempre.


quinta-feira, junho 25, 2009

Necessidade de mudança

Minha vida parece que foi atingida por uma espécie de cometa e saiu do rumo. Em pouco tempo, as coisas que tomavam minha energia se tornaram acessórios e algo novo passou a drenar tudo para um foco que chamava de maneira muito mais forte.

Minha dança ficou em segundo plano, meu derbake, a busca por emprego e casa - tudo por terra.
Agora está na hora de me reestruturar, voltar a batalhar pelas minhas coisas. Voltar a empregar tempo e energia no meu corpo e nos meu interesses.

Mas ainda estou colando cacos e suspirando e sem saber exatamente por onde começar.

quarta-feira, junho 24, 2009

Graças aos pilas guardados pelo governo no meu Fundo de Garantia

... esse blog volta à sua programação normal a partir de hoje à noite.

Agradecemos a atenção dispensada e lamentamos o transtorno.

sábado, junho 20, 2009

Offline

Por motivos de força maior, devo ficar uns dez a quinze dias sem internet.
Ou seja: postagem irregular ou nula.

Agradecemos a atenção e nos desculpamos pelo transtorno.

quarta-feira, junho 17, 2009

Quem não tem gatinha não sabe o que é

... não poder deixar nenhum brinco, presilha, ou nada que brilhe fora de gavetas
... ter suas coisas derrubadas da prateleira antes de conseguir soltar um grito
...não poder esquecer teclado na posição normal (virado para cima)
... encontrar sua blusa preferida, o livro emprestado, a cama, rescendendo a xixi de gato (ecaaa!!!)

MAS TAMBÉM NÃO SABE:

... a delícia de patinhas sobre suas pernas à noite
... o brilho de dois pares de olhinhos quando você entra no apartamento vazio
... ver duas bolinhas de pelos se transformarem numa só que rola em alta velocidade
... o alívio de uma gata no ventre em dia de cólica menstrual
... a glória de uma gatinha ronronando no peito em dias muito tristes
... amar muito tudo isso, com todas as desvantagens. Amar incondicionalmente um ser de outra espécie. Amar amar amar amar amar.

segunda-feira, junho 15, 2009

Sobre a relatividade

Eu chamo um amigo meu de sexista por causa de certas piadas e de umas propagandazinhas de cerveja que ele aprecia.

Entretanto eu prefiro o CQC ao Pânico porque tem um monte de gatinho inteligente de terno, em vez de gostosa burra de biquini.

Fiquei pensando - complicada essa questão de pesos e medidas, né?

Das delícias do desemprego

Uma das delícias de se estar desempregado é poder ficar em casa se retorcendo de cólica menstrual sem ter que dar satisfações a ninguém.

Não, dor não é gostoso. Mas é muito pior quando você tem que ligar para o trabalho (todos os meses), dar satisfação para os colegas de trabalho (todos os meses) e enfrentar a taxativa descrença que jura que a cólica monstro que vc enfrenta (todos os meses) é desculpa para matar trabalho. NADA é pior do que isso. Porque chefe desconfiado já é um porre, mas colega de trabalho é vocação pra capataz demais pra minha cabeça.

PS: Anônimo, vou trocar o verde hospital, se tanto incomoda. Mas eu preciso mesmo é de um template novo. Se habilita?

sexta-feira, junho 12, 2009

Anjos e demônios - o filme, com spoiler

Fui ver hoje, gentilmente convidada pelo Exposo. Não estava assim, superhiperlouca pra ver, mas achei que valia o deslocamento. E pô, tinha o Ewan McGregor, que até de padre tem um dos olhares mais sensuais que já vi. E é tuda. Enfim.

Gosto ou desgosto de filmes pelos motivos mais bizarros. Hoje vou plagiar o método de um blogueiro amigo e ir nos prós e contras:

Contras:

-definitivamente, o filme tem "licenças poéticas" demais. E algumas coisas que ficam incomodando:
** Um helicóptero subiria tanto em tão pouco tempo para evitar um impacto daqueles? Não era um avião supersônico, era só um helicóptero. Mas vai.
** Um homem sozinho tirar do chão uma estante presa com parafusos daquela grossura? Hmmm.
** Inglês, a língua dos illuminati? Só porque é a língua do Tom Hanks? Porque aquela explicação não me convenceu.
** Mas o que não dá pra engolir mesmo é um conclave do Vaticano eleger um menino-padre só porque ele salvou o Vaticano de uma "bomba" num helicóptero? Nem que ele viesse da Lua trazendo uma estrela na mão. O mundo vira ao contrário antes daquele lugar mudar.
- a cena em a mocinha arranca uma página de um livro raro e antigo, sem pejo, virou meu fígado do avesso. E de todos os apaixonados por livros, acho eu. Tive que ficar uns minutos me dizendo: é ficção, só ficção, nada foi rasgado, nada se perdeu.

Prós:
- o Ewan McGregor
- o Ewan McGregor
- o Ewan McGregor
- o guardinha suiço (segundo o Exposo, entendedor de sotaques germânicos) que cuida do Arquivo do Vaticano. Carisma a toda prova.
- o cuidado com as línguas estrangeiras. Se tem coisa que me deixa puta é personagem de língua não-britânica que fala inglês sem sotaque, mas tem sotaque na língua nativa. Tremenda coisa de amador. Nesse filme tá bonitinho, cada um no seu quadrado. (Ainda me lembro com espasmos do "alemão" falado em Olga. Arre.)
- Tom Hanks é um puta ator, apesar de eu não simpatizar pessoalmente com ele.
- A cena em que o preferiti é salvo na fonte. Ficou emocionante sem rolar pro piegas. Gostei.

Era isso. Beijo e até mais

quinta-feira, junho 11, 2009

Das saudades

É muito simples, comigo funciona assim. Se eu fico com muita saudade de alguém, começo a ficar ansiosa. Se eu fico ansiosa, faço merda.

Nesse caso, só existem duas soluções. Ou a pessoa para de se loquear e aparece, matando minhas saudades, ou eu começo um loooongo exercício de representação, fingindo que não é comigo.

A última opção quase nunca da certo, entretanto.

quarta-feira, junho 10, 2009

Prelúdio para dois derbakes - roteiro de uma peça sem platéia

Palco nu. Luz branca. Três cadeiras. Numa vão as coisas da aluna. Nas outras duas, ele, o professor e ela, a aluna

Tiram seus instrumentos dos cases e se sentam. E ficam se questionando se é mesmo possível esquecer alguém que passou tempo demais na nossa vida.
Até que ponto é possível por outro alguém nessa lacuna.

Vamos tocar? Vamos tocar.
Começam um pequeno aquecimento, mas precisam saber. É possível impedir o coração de se apaixonar pela pessoa errada? É possível se afastar do que fere, quando isso é aquilo que pede com todas as forças o coração?
É, não é.

Vamos tocar derbake que ganhamos mais. Aquecem. Mas a aula não engata.

- Sabe, isso parece uma daquelas peças alternativas da década de sessenta, onde havia um movimento anunciado que nunca terminava para dar sequência à peça.
- Hehe, é mesmo. Mas só funciona porque a platéia está vazia.

E te digo mais. Só funciona porque não é só o derbake que toca o coração.

terça-feira, junho 09, 2009

Mas entre um dia e outro, tem as noites

Eu escrevi aquele post borocochô porque as coisas estão meio borocochôs no momento. Mas isso não quer dizer que minha vida esteja horrível ou eu esteja infeliz. Está tudo meio bagunçado e é tudo.
Mas eu tenho amigos. E vou pra gandaia, ainda bem.
Esse último sábado teve o aniver da Anisah, num clima muito gostoso e danças lindas que ela ofereceu para nós. Gosto demais dessa menina, que o destino tornou minha parceira de aulas e que a geminianidade está tornando uma amiga.
A festa foi ótima, mas acabou cedo. A Fernanda estava no pique de mais festa e eu nem se fala. Como eu não estava louca de grana, acabamos indo para mais um point da sabedoria grifística: o Villa Acústica, na Cidade Baixa.
E foi ótimo: o lugar é baratíssimo (botecão mermo) e estava cheio da fauna mais divertida e variada da cidade. Vimos cenas hilárias de comprometedora descrição. Vou só dizer que algumas pessoas quando dançam... soltam todos os bichos... meeeeeeeeeesmo.
Buenas, lá na nossa terceira caipirinha, tocou o clássico que me faz duvidar que não nasci nessa terra (porque, porra, eu não só sei a letra de cor, como entendo o que significa). Cantamos todos no boteco, a plenos pulmões, Amigo Punk, do Graforréia Xilarmônica.

Segue a letra para diversão dos gaúchos e susto dos estrangeiros. Qualquer problema vocabular é só perguntar nos comments.

Amigo Punk
Escuta esse meu desabafo
Que a esta altura da manhã
Já não importa o nosso bafo

Pega a chinoca, monta no cavalo
E desbrava essa coxilha
Atravessa a Oswaldo Aranha
E entra no Parque Farroupilha

Amanhecia e tu chegavas em casa, com asa
A tua mãe dá bom dia
E se prepara para marcar
O gado com o ferro em brasa

E não importa se não tem lata de cola
Eu quero agora é sestear nos meus pelego
Com meu cavalo galopando campo a fora
O meu destino é Woodstock mas eu chego

Aonde eu ouço a voz da cordeona
Já escuto o gaiteiro puxando o fole
Vai animando a gauderiada no bolicho
Enquanto eu sigo detonando o hardcore

Bom, foi divertido. Depois a noite teve lá suas continuações. Mas nem tudo nessa vida é assunto pra post.
Beijos!

sábado, junho 06, 2009

Do caos e outros inconvenientes

Ando sumida, não? Há quem assim deseje, há quem reclame. Enfim, esse post é prioritariamente para os que reclamam.

Meus alegres projetos cor-de-rosa de transição de emprego foram todos para o brejo. Minha linda capacitação e meus contatos se mostraram inúteis até agora. Nenhum, nenhum retorno. Coisa de gente petulante que acha que pode com uma crise mundial. Enfim, estou pendurada até a ocorrência de um milagre.

Com a paralisação desse projeto, a mudança para um lugar meu também foi pro freezer. Eu tenho sorte do Exposo não ter ficado fulo da vida com essa retração.

Somado a isso, existe um sentimento que não foi pedido nem desejado por ninguém, mas que está gravado em mim sem que eu possa me livrar dele. Eu quase tenho que pedir desculpas por ele, acreditem. Apesar de ser um sentimento puro e bonito de bem querer, está minando o resto das minhas funções cerebrais. Apesar de não pedir nada para si, é causa de atritos e stress constantes. Resumindo, nada de fácil administração.

Com tudo isso, minha saúde não poderia seguir da melhor forma. Por mais estabilizada que eu estivesse há anos, ainda sou bipolar, não? Então se alternam crises de fúria, de depressão, de inquietação. Meu normal atual é dormir depois das quatro - porque não importa o que eu tome ou que horas vou dormir - meu cérebro martela, martela, martela.

Não quero a compaixão de ninguém. Desabafei e é tudo. Existem vidas muito piores que a minha vida. Só que agora, minha inspiração para escrever está meio... prejudicada. Todo mundo passa perrengue. Agora é só esperar que um dia o perrengue... passa.