segunda-feira, janeiro 21, 2008

Mais de mim mesma

Passei a tarde de hoje tomando um agradável café com uma dançarina daqui de Porto Alegre. Ou melhor, de Esteio. Uma das melhores dançarinas que eu já conheci, diga-se de passagem. Enfim, falamos.
Falamos muito de dança e muito da vida também. De relacionamentos e de ecologia. Histórias pessoais e vegetarianismo.
A gente sempre aprende muita coisa com as pessoas, só de conviver. Mas essa moça, nesse momento, me mostrou umas direções importantes e interessantes de vida.
Ela é daquelas pessoas que tem uma confiança inabalável no poder de mudar a própria vida. Desde a postura de dança através da consciência corporal até que se a perda de peso através da mudança da alimentação - sem médicos ou nutricionistas envolvidos.
Pode não parecer, mas eu sou uma mulher muito religiosa. Eu realmente acredito, como dizia meu doce e querido pai, que "não cai uma folha de uma árvore sem que Deus o permita". Mas eu aprendi, dos próprios orientadores da minha religião, que "a gente faz a permissão" - no sentido que é a nossa postura que determinará o nosso destino, que nos colocará de acordo com a vontade de Deus e, em conseqüência, com os desígnios dele. Resumindo, que cabe à nossa iniciativa mudar nossas vidas.
É o tipo de coisa que todo mundo está careca de saber, mas que eu estou vivendo com mais concretude agora. Eu tenho uma dissertação que quero ver terminada e cabe a mim, a ninguém mais, trabalhar nela. Eu tenho um rolo de gordura sobre o meu estômago que me incomoda e atemoriza (por causa da relação direta entre adiposidade abdominal e doenças cardiovasculares) - e cabe a mim tirar ele de lá. Minha dança está chocha e com os passos sujos - idem. Eu quero caminhar de manhã mas não levanto da cama. E por aí vai.
Estou num momento particularmente abençoado. O que não tira a minha responsabilidade sobre o progresso que eu quero continuar obtendo.
Um belo dois mil e oito para todas nós. Já disse?

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Alquimia cotidiana

Em outro tempo, outro blog, outra encarnação, eu escrevi sobre os prazeres que a culinária pode nos dar. Mas era o contexto específico de se preparar o alimento para o homem que se ama. Não é disso que quero falar agora.
Ontem estava cozinhando para uma amiga que se recupera de uma cirurgia (nada sério, uma lipo) e, enquanto o fazia, refleti um pouco sobre a beleza deste ato.
Fora a delícia de estar se doando, de estar dando seu tempo e energia para o prazer e nutrição do outro - o que pode nem acontecer, você pode cozinhar para você mesmo e ser um momento mágico também - a coisa em si é toda muito bonita.
Alimento não chama assim por acaso, são pedaços de energia e beleza. Acaso alguém é capaz de dizer que não são belas as tiras fininhas de cebola que escorregam pela faca, que não é a coisa mais doce a textura dos cogumelos sob a água, que não existe poesia em limpar uma batata e transformá-la em cubinhos? Tudo isso te nutre enquanto você ainda está cozinhando.
Tem um perfume que eu acho o supra-sumo da culinária cotidiana ocidental. Alho fritando num bom azeite. Aquele aroma inebriante que faz as pessoas virem até a cozinha - até aquelas que acham que nem gostam de alho - e dizerem: "Hmmm, isso já está cheirando bem!" Claro que tem coisas mais sofisticadas como a sinfonia do chocolate derretido cobrindo as trufas, mas nem precisa tanto.
Culinária é magia, ao nosso alcance, todos os dias.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Ureshii

Feliz! Feliz! Feliz! Está confirmado: eu volto a dançar neste mês de fevereiro. E com uma professora que eu admiro muito muito.
Entendam bem: eu volto a dançar depois de quase cinco anos parada. E dançar é muito, muito, muito, muito para mim. Sim, estou repetitiva e superlativa. Mas é só para que fique claro o quanto isto significa para mim. O quanto quero voltar a poder me expressar com meu corpo, coisa que costumo fazer muito, muito melhor do que com palavras. É como se estivesse sendo envolvida por um rio refrescante de coisas boas depois de uma longa, longuíssima travessia pelo deserto.
Obrigada.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Palavreado

Não quero mais tuas histórias pintadas de sangue. Tuas narrativas de olhos molhados.
Não quero mais teus contos de amor e de morte. Tuas crônicas policialescas de suicídio e de dor. Chega. Um dia elas talvez voltem a ter seu espaço, mas agora chega, não há mais paciência para tudo isso.

Quero tuas pequenas vitórias. Tuas alegrias cotidianas. Quero ouvir falar de gatos e de bebês. Quero histórias com flores e terra molhada. Relatos de véus de seda e lantejoulas. Crônicas sobre livros e filmes que mexam com teu coração. Admito tristezas e até alguma impaciência, mas dou preferência ao que vier pontuado por um breve sorriso.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Chuva de verão

Lavando, revirando, refrescando tudo. Gotas e mais gotas se espalhando sobre a terra quente. É tão bom. A brisa que vem refresca os corpos ferventes também. Como faz calor em Forno Alegre.
Tão boa, tão boa essa chuva.

Depois da saga da vesícula, agora meu pâncreas resolveu dar o ar da graça. Tem doído. Lá vou eu pro médico de novo. Acho que o pâncreas não dá para tirar assim, impunemente, que nem a vesícula, né?

Não tem nada a ver com nada, mas cada dia mais eu me dou conta da necessidade de economizar recursos naturais. Sem querer ser ecochata, mas a situação do nosso planetinha está caótica, pessoas. Estou querendo dar uma revirada legal na casa para fazer a minha parte. Outro dia quis insultar um moço que lavava va-ga-ro-sa-men-te a calçada do trabalho com uma mangueira, gastando litros, litros e mais litros de água potável para empurrar poeira de um lado para o outro. Só a vergonha (talvez vergonhosa, de minha parte) de ser tachada de louca me conteve. Devia haver multa para esse tipo de comportamento - e fiscalização para aplicá-la. Que puxa.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

E depois de tanto tempo...

...tenho ganas de escrever. Escrever diferente do que escrevia antes, ainda assim escrever. Escrever sem revisar para catar os erros porque tenho vergonha de que alguém descubra que por vezes eu escrevo as palavras do jeito errado e que eu não sou lá grande datilógrafa (uau, é digitadora, mas mantenho essa pérola do passado - um dia terei que contar a meus filhos o que veio a ser uma datilógrafa). Escrever sem definir o que é ou não ficção. Escrever sem regras e sem me importar com o porquê.
Enfim.
Tenho ganas de escrever. Porque a minha amiga vai embora e isso mexe muito muito comigo. Porque ela é muito especial sabe, não é a amiga por acaso. Ela é a única que entende o que eu digo, às vezes. E a gente lê os livros e vê os filmes que o resto do mundo detesta - nem sempre são os mesmos, os de uma e os de outra, mas a gente se entende mesmo assim. Falando em filme, ela me levou pra ver aquele filme do Benício del Toro que está em cartaz. É, aquele com a moça do Oscar. Lindo. Lindo. Muito lindo. Não, não estou falando do Benício, mas do filme mesmo. Uma história muito bem narrada, com muita sutileza e dignidade. O filme sobre relações humanas mais bem feito que eu já vi nos últimos tempos. Vejam.
Falando em relações humanas, uma faceta que aparece no filme é a de que nada é fácil, a vida está cheia de transformações que não prevemos nem desejamos e lidar com ela é uma luta diária, que vamos vencendo aos bocadinhos. Aí eu penso de novo na minha amiga que tem uma vida toda para vencer e que tem muito medo. E eu digo para ela que ela vai conseguir de boa. Porque eu digo isso para mim mesma. E digo a Deus: "Ela é muito, muito especial, ela tem que conseguir, ainda que eu não. " Ela vai. Daqui a pouco ela volta, deixando toda uma vida para trás, pessoas e cachorros que farão imensa falta. Vai ser duro, mas ela vai superar. E superar esse mundo profissional carrasco, também.

Eu quero desistir do Mestrado. Mas todo mundo brinca, me anima, não leva a sério e eu não consigo. Mas eu realmente não tenho idéia de como tocar esse troço. Tenho de como não tocar. Enfim.

Alguém sabe me responder com precisão qual é a cor dos olhos do Benício del Toro?