segunda-feira, setembro 27, 2010

Da sublime arte de calar a boca

Então, a pessoa é Gêmeos em Gêmeos, non? Fala pelos cotovelos. Não apenas nunca tive dificuldades para me expressar: a expressão é meu ganha-pão, minha terapia, meu recurso de defesa. Sou eu.
Com a chegada deste pouquinho de maturidade que adquiri, a última possível trava se foi. A vergonha. Perdi todo receio do que sou e do que penso, perdi o medo de errar. Todo mundo erra o tempo todo e ninguém fala com real propriedade sobre nada em lugar nenhum.
Tudo isso é verdade. Mas mostrar quem se é o tempo todo pode ser uma fonte inesgotável de dor de cabeça. Ser também, mas isso é algo que não posso e não quero evitar. Tem gente no mundo que me vira a cara simplesmente por eu ser quem eu sou, tentar fazer direitinho o que faço para viver, me vestir como me visto e fazer as opções que faço. É a vida.
Mas acho que somar tudo isso com minha opinião sincera sobre tudo não facilita em nada as coisas.



Alguns dias atrás acabei me metendo numa discussão sobre dança na internet que terminou num insulto pessoal. Quer dizer, nem sei se dá para chamar de insulto. Fui chamada de bipolar* - o que sou mesmo, e muito bem tratada, obrigada. Mas não tinha nada a ver com minha postura na ocasião, foi gratuito, por não se ter melhor defesa. Cada um joga no nível que pode,certo? Não me ofendo, assim como o outro moço, o PC Siqueira, não se ofende quando dizem que ele é vesgo - ele sabe que é, ué. Só entedia, como tudo o que é óbvio e vulgar.
A verdade é que a postura da moça em questão já me incomodava há muito tempo, por várias razões. Ela já trombou comigo na net com outro nick e foi de uma grosseria e arrogância impecáveis - quando ficou claro para mim que os elogios que ela fazia a mim e às minhas opiniões, tão diferentes das dela, eram fruto dos meus bons relacionamentos na rede, nada mais. Beleza. Mas nunca tinha batido de frente. Desde tempos dantanhos, quando eu usava pseudônimo para fazer sátira na rede (sem saber, cretininha que sou, que não existe espaço para humor nesse país, aqui tudo é pessoal e "pra te derrubar") que não faço mais isso. Saí das comunidades, fóruns e tralalá em função disso.
Mas aí ela atropelou minhas amigas - que estavam opinando com categoria, conhecimento de causa e boa escrita. Em astrologês, sou Lua em Libra na casa 4. Em bom português, sou mãe das minhas amigas. E vocês sabem o que acontece quando mexem com os filhos de alguém, né? Feita a merda.Preciso aprender que todo mundo é grandinho e fechar minha boca. Enfim.

Aí uma amiga minha me fez uma coisa muito feia, na minha própria opinião. Agiu comigo como se tivesse dezoito anos (é, ela é da minha geração), quebrou uns três ou quatro códigos éticos de amizade num dia só. Magoou grandão. Foi me procurar, eu não respondi. Depois de muita insistência, disse para ela que estava quieta porque não queria ser grosseira. Porque sempre que discuto com ela, independente do motivo, a estúpida insensível sempre sou eu, porque não falo com mimimi. Então achei melhor ficar bem quieta - mas não a ponto de fingir que nada aconteceu e me arriscar a passar por outra daqui uns dias. A resposta: "ahn? que foi?" Pô, se a pessoa não faz nem idéia, adianta tentar explicar? Existe alguma chance de termos valores semelhantes? Não,né.

Aí eu podia somar chamada de atenção por falar demais, gente que fica pendurada no meu MSN metade do ano me fazendo de psicóloga e de repente se enjoa e me bloqueia, gente que "adora amiga disposta a escutar e dar bons conselhos" mas me dá toco quando porventura eu não estou feliz e cantante (coisa rara, porque como boa japa evito demonstrar fraqueza), enfim, uma lista infindáveis de situações curiosas desse mundinho de meu Deus.
É o mundinho do "tudo que você disser será usado contra você mesma". Daí que é selecionar melhor quem me cerca e manter minha boca fechada. Bem fechadinha. Num mundo onde as armas são palavras, o silêncio é o único escudo possível.

*Peço aqui desculpas às coleguinhas de patologia por não fazer uma defesa apaixonada contra o preconceito e a ignorância, quando meus próprios amigos ainda me perguntam porque eu assumo essa questão publicamente... cansei. Fique à vontade para fazê-lo nos comments, se o desejarem

quinta-feira, setembro 23, 2010

La mala reputación

Uma letra fabulosa, que diz muito sobre o que muita gente pensa sobre mim. E sobre meus melhores amigos.
Cortesia do meu grande amigo e parceiro de vida outsider, Adriano. Uma das pessoas mais lúcidas e doces que já conheci na vida.

En mi pueblo sin pretensión
Tengo mala reputación,
Haga lo que haga es igual
Todo lo consideran mal

Yo no pienso pues hacer ningún daño
Queriendo vivir fuera del rebaño;

No, a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
No, a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe.
Todos todos me miran mal
Salvo los ciegos es natural.

Cuando la fiesta nacional
Yo me quedo en la cama igual,
Que la música militar
Nunca me supo levantar.

En el mundo pues no hay mayor pecado
Que el de no seguir al abanderado.

Y a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
Y a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
Todos me muestran con el dedo
Salvo los mancos, quiero y no puedo.

Si en la calle corre un ladrón
Y a la zaga va un ricachón
Zancadilla doy al señor
Y aplastado el perseguidor
Eso sí que sí que será una lata
Siempre tengo yo que meter la pata.

Y a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
Y a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
Todos tras de mí a correr
Salvo los cojos, es de creer.

No hace falta saber latín
Yo ya se cual será mi fin,
En el pueblo se empieza a oir,
Muerte, muerte al villano vil,
Yo no pienso pues armar ningún lío
Con que no va a Roma el camino mío,

No a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
No a la gente no gusta que
Uno tenga su propia fe
Todos vendrán a verme ahorcar,
Salvo los ciegos, es natural.


Dedicado a todos os hipócritas, autoilusionistas, sabotadores, burocratas e todo o tipo de gente limitada que adora foder com nossas vidas.

domingo, setembro 19, 2010

Primavera nesta terra

Não, sou bairrista porque sou paulista. Paulista como Ana Terra.
Mas é verdade que eu amo essa terra e, ainda que não tivesse tantos amigos aqui, só sairia daqui por um motivo muito, muito forte.
Aprendi a amar o verão absurdo que quase nos mata e o frio rigoroso que nos faz fortes. Mas, puxa, não é preciso grandes qualidades para amar nossa primavera. Caramba, como essa terra fica linda!

Não é exagero meu: realmente a cor do céu aqui, em dias ensolarados, não tem nada a ver com a de São Paulo. E não falo de poluição: mesmo no interior, não é igual. A tonalidade aqui é única. E a quantidade de árvores floridas é ensurdecedora.
Ontem, voltando de um Simpósio em Lajeado, me deparei com trechos enormes de estrada ladeados por ipês amarelos. O contraste com o céu era de uma beleza de tirar o fôlego.

No tengo lugar, no tengo paisaje. Ciganos não pertecem. Mas as imagens desse lugar sempre estarão em algum ponto perdido no meu coração.

domingo, setembro 12, 2010

Então, tudo o mais...

Tudo o mais tudo bem. Tá, quase isso. Tô passando por umas mudanças profundas, que não cabem num blog público, so sorry.
Mas tá tudo bem afinal. Só as coisas sendo o que tem que ser, quando tem que ser. Na verdade, não há nenhuma novidade, os fatos estão sempre aí, o que muda é a gente mentir para si mesma e parar de mentir.
A merde de mentir para a gente mesma é que a gente fica com um comportamento esquisito. O foda disso é que a gente confunde outras pessoas. Pode parecer que estamos putas com elas, ou sacaneando, ou mentindo para elas. Ou tentando manipular, controlar, iludir de alguma forma. Não é culpa delas, a mensagem de quem está mentindo para si mesma é truncada.
Ainda bem que algumas pessoas quando estão invocadas com alguma coisa, vão lá e tem perguntam na lata. Porque aí você pode perceber e corrigir. Por isso não canso de interagir com gente.
Mas são poucas. Tipo, de contar nos dedos. De uma mão só.
Então ainda devo estar cometendo erros com muitas outras. Quem reclama depois fica por último, so sorry.

Enfim, estou corrigindo tudo. E procurando não me precipitar - na expressão, não nos atos - para não magoar pessoas, porque, yes, vai implicar em fazer coisas doerem sim. Sempre implica.

É que meu subconsciente é deveras sacana. Ele sabe que se eu vejo algum medo por perto, eu vou lá e encaro. Tenho horror e ódio do medo. Então ele fica botando fitinha cor-de-rosa, ursinho de pelúcia no braço do medo para eu achar que a vida é assim mesmo, que eu não estou com medo não, é uma desaceleração natural da idade.

Natural da idade a P*** Q** T* P****!!!! Natural da idade é perceber que a vida é curta demais para muito rififi.

Fora isso, com mais tarefas do que eu acho que possa dar conta e com muito menos dinheiro do que o mês exige. Tipo, seriamente falando, meu salário já acabou e hoje é só dia 12. Preciso de um freela ontem.

Ah, e deletei a bagaça do FormSpring.

Mas a verdade, a verdade mesmo, é que a culpa é do lúpulo.

terça-feira, setembro 07, 2010

Formspring

Acho que deu pra bola aquele trem, né? Pensando em deletar.
Porque, eu já tinha me acostumado com o fato de os seres humanos não terem perguntas para me fazer.
Mas agora nego nem responde as que eu faço (e olha que eu faço pra três ou quatro pessoas de uma vez)... Fim de carreira.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Dançando o que não se dança

Tem umas pessoas que dizem que não se dança música com samai, mas eu resolvi só respeitar minhas próprias regras.
Infelizmente, não tive como avaliar minha expressão aqui. Consegui melhorar várias coisas que me incomodavam, mas ainda detecto algumas que não tinha visto antes. Perfeito nunca vai estar, né? Mas acho que foi uma das melhores relações estudo-benefício este ano.
E se preparem, ainda vou dançar muita coisa que não se dança até o final do ano. Divirtam-se. (E podem descer os cachorros à vontade. Elegância é desejável.)