sábado, julho 25, 2009

A pílula certa, no lugar certo

Evitava falar dessas coisas aqui, mas resolvi perder esse pudor. Isso é tão parte da minha vida quanto tutorial de maquiagem para algumas de vocês.
Essa coisa de bipolaridade, significa, basicamente, que a fabriquinha do seu corpo que produz os reguladores das suas emoções não funciona direito. (Não, não vou usar qualquer termo técnico que fica xarope.) A produção inexiste ou não dá conta.
Então aparece esse moço abençoado na sua vida, que os populares chamam de psiquiatra e te dá bolinhas mágicas que botam seu pobre cérebro nos eixos.
Eu tomo bolinhas de dois tipos, toscamente dizendo: o estabilizador, que regula minhas variações alucinadas de humor e o antipsicótico, que "barra", por assim dizer, as reações exacerbadas do meu cérebro e me impede de chegar naquilo que os médicos chamam de "surto psicótico", que é quando a gente perde a relação com o mundo normal e chega a conclusões desprovidas de razão. Muito bem.

Tudo isso para explicar que, por umas questões práticas, fiquei quase uma semana sem meus antipsicóticos (meu médico pegou gripe A, tadinho, uma confusão).
É louco, porque parece que não está acontecendo nada com você, até que as pílulas chegam. A primeira noite de sono com o bagulho é inesquecível. Porque eu tenho esse problema que as minhas sinapses (ah, googleia!) não param quando eu durmo, a não ser que eu tome esse bicho. Aí eu durmo, mas meu cérebro continua trabalhando. Dá para imaginar o estado que eu acordo pela manhã? Pois.

Depois de dois dias, minha capacidade cerebral é outra. Olê olê olá. Viva a indústria farmacêutica!

quinta-feira, julho 23, 2009

Gostos simples

Há quem me ache sofisticada, mas a verdade é que sou uma pessoa de gostos simples.

Falando de salgados (doce é outro problema), não há prato na culinária mundial que me arrebate mais do que um feijão bem feito. Nada.

E não é assim, me sirvo bem. Como feijão com feijão. Descongelo feijão às quatro da manhã se varo a madrugada trabalhando. Como feijão frio (contanto que não venha arroz na combinação).

Agora, se você quer me ver delirar e comer que nem criança é por uma camadinha de farinha de mandioca torrada por cima. AI, MEU DEUS!!! Nossa família não é de origem nordestina, mas devo ter pego o costume numa das minhas andanças paulistanas.

Sei que nutricionalmente é chuva no molhado. Sei que caloricamente é uma bomba desnecessária.

Mas na minha modesta opinião tem nada melhor nesse mundinho de meu Deus.^^



Falando em coisa boa nesse mundo: quando Ayala, minha gata rajada, deita no meu braço pra dormir, o tempo para. Ela tem o ressonar mais gostoso e fofinho do mundo e eu fico uma infinidade de minutos esperando ela acordar pra me mexer.

É incrível o quanto esses bichinhos conseguem despertar ternura. A gente acaba amando, amando, amando eles desesperadamente. Quando quase mudei de endereço, a parte do coração que era delas era a única absolutamente inadministrável.

Dá medinho. Eles vivem menos que os humanos. Mesmo os humanos avançados em anos como eu. Ai.

Ando brava, né?

Mas a real é que ando precisando - e muito - que usem as muitas coisas que sei em um trabalho.
Porque sabe, modestamente, eu sou um bicho cheio de talentos. E não sou burra, não.

Entretanto, estou com quase quarenta. E o mercado, esse sim, é burro de pedra.

quarta-feira, julho 22, 2009

Classe e elegância

Engraçado, esse comentariozinho do Anônimo (aliás, bem típico de anônimo), me fez pensar na minha amiga Ro Salgueiro.

E concluir: se eu fosse homem ninguém questionaria isso, né, não?

Tomar naquele lugar, machaiada!

segunda-feira, julho 20, 2009

Com você aprendi...

... a dizer "foda-se" para muita gente e muita coisa. Valeu.
Só esqueci do palhaço principal: você mesmo.

Se for por falta de lembrança: VÁ SE FODER!!! Por um objeto/membro da grossura de um braço, sem lubrificante, sem preliminares.

quarta-feira, julho 15, 2009

Lembrete

Olá! Lembrem-me, por favor, de não me envolver emocionalmente com seres humanos de 12 anos de idade emocional.

É, desses que chutam o que um dia beijaram e ficam se achando "os macho bagarai" depois. Aliás, não estou mais em idade reprodutiva, tô dispensando machos.

E o que tem além disso? HOMENS. Coisa que tem gente que tem muito o que pastar pra ser.

Obrigada.

sábado, julho 11, 2009

Reclamar um pouco, que esse blog é meu

Ansim (proposital, ok?), uns dias atrás postei reclamando de uma coisa que achei altamente desrespeitosa com a minha pessoa, por conta da bipolaridade. Até porque veio de uma pessoa para a qual gastei uma boa quantidade de tempo e saliva explicando como esse tipo de coisa é complexa para mim.

Antes de qualquer alegação que não dá para justificar a vida por um distúrbio, eu sou a primeira a defender isso. Mas informação sempre é útil e eu andei levando muuuuuuuita porrada da vida ultimamente, por isso a necessidade de desabafar. Antes de torcer o nariz e mudar de página ou de post, lembre-se que pode acontecer com você. Com seu filho, seu irmão, seu namorado, a mulher da sua vida. QUALQUER UM.

Não é objetivo deste post ser referência. Para isso existe São Google. São só umas coisinhas contadas "de dentro".

1) É muito sacal as pessoas darem opiniões sobre o que não conhecem. A frase "ai, acho que sou meio bipolar" é de ferver o sangue. Corrija se ouvir e cale se falar.
Ninguém é meio bipolar, pombas. Não é bipolar quem tem altos e baixos de humor - isso se chama humanidade. Todo ser humano muda de humor, por estímulos vários.
O problema do bipolar é que ele não fica eufórico - ele é alçado. E vai ficando cada vez mais eufórico até "explodir". Ele pode entrar em surto psicótico (leia-se, sair da racionalidade dos seres normais, perder a noção do real, podendo ferir-se ou ferir os outros). Ele não tem o controle químico que uma pessoa normal tem, não tem (ao menos sem medicação) controle sobre tudo isso.
O bipolar não cai em depressão. Ele despenca. É muito mais rápido e mais profundo. Nada parecido com "ficar tristinho". É uma prostração profunda, que impede tarefas básicas, compromete a interação com as pessoas. O inferno.
Isso não o torna melhor, nem pior que ninguém. Mas diferente, sim. E sim, pode ser melhorado e controlado com remédios - mas nunca vai ser uma pessoa totalmente igual aos outros, até pela experiência de vida.

2) As crises são exageradas, as emoções hiperbólicas. Então não é estranho que a expressão do bipolar seja um pouco diferente.
A minha é, como vocês que leem esse blog devem ter notado. São meus anos, minhas cicatrizes, minha vivência. Em função disso, sou tachada, rotulada e carimbada aqui e acolibri. Costumo brincar, mas aqui é meu espaço de desabafo: acho isso um porre.
Tenho até um velho amigo amigo que me apelidou de drama queen. Sou exagerada, sim. Mas ser exagerada e dramática não é uma frescura, um frufru. Uma opção. É uma maneira inexorável de viver a intensidade das coisas. Quer saber, NO CU todo mundo. Ah, falei!

3) O mais chato é ser tachado de mentiroso. O bipolar passa por situações de vida que os outros não passam. O bipolar toma remédios que o mais perto que você passou foi no balcão da farmácia. Isso gera situações insólitas. Às vezes você toma uma bordoada da vida e precisa de uma dose maior pra não entrar em crise e pirar - o que gera um sono abissal. Mas se o outro não conhece essa situação - é MENTIRA.
Às vezes tu acorda de madrugada com cólica e de manhã está fora da casinha, porque tu toma antipsicótico (pra evitar os famosos surtos) e aquela porra desacelera tuas sinapses pra tu dormir e a coisa não pega no tranco. Mas os colegas não tem duvída - MENTIRA PRA MATAR TRABALHO. Como teu envolvimento emocional é mais rápido e intenso e tu já aprendeu a não ter vergonha disso, advinha? Logo acham que é MENTIRA PRA SEDUZIR.
Aí tu passa 100% do tempo tentando ser idônea pra caraleo, tentando fingir que não sabe pronunciar bipolar e sendo tachada disso e daquilo o tempo todo.

Tipo, bipolares são pessoas e pessoas não são perfeitas. Eu não sou perfeita. Eu tenho uma moral bem pessoal, sou egocêntrica pra caraleo e mais outros defeitos que é melhor não falar, porque já vi que cada defeito que eu admito é mais um que levarei na cara amanhã ou depois.
Pronto, falei. Quem quiser aproveitar como informação, beleza.
Quem não quiser, o x à direita é serventia da casa.

UPDATE: A quantidade de erros que saiu na primeira versão desse post foi impressionante. Nem eu mesma explico isso.

Hermética, ma non troppo

Só pra não aumentar a confusão na cabeça das pessoas.

O "Sr. Muito Importante" é um.

O sujeito dos outros posts todos, é outro.

Quem é quem, como e por que não vem ao caso.

Obrigada pela atenção.

Imitando Pizzicato Five

Acho que não vou ao meu pub preferido, nessa estação.

quinta-feira, julho 09, 2009

Ao Sr. Muito Importante II

1) Sim, eu cuidei exclusivamente das minhas emoções dessa vez. Porque quando eu deixei para cuidar das suas, lembro bem do resultado.

2) Por que será que eu sinto ciúme do seu envolvimento com outras pessoas, por que? Por que será que eu não consigo ser só sua amiga? Por que será que as vezes eu faço coisas pra te machucar? Por que será que eu tentei mas não consegui? Mistério, né?

3) "Porque você não liga pra mim." É, não ligo mesmo. Porque cansei do unilateral.

Não te desejo mal. Só te desejo longe, porque você sempre acaba me machucando.

Deselegância

Como eu nunca escondi nesse blog, sou portadora de transtorno afetivo bipolar e personalidade borderline. Aliás, eu nunca escondo isso de ninguém porque eu acho que as pessoas devem saber com o que estão lidando. Normalmente eu conto até o terceiro dia, com bônus explicativo. Se a relação tem algo de sexual, conto antes. Porque sim, eu me trato, mas submetida a reações de stress, é quase certo que vou reagir diferente das outras pessoas.

Aí depois de tudo isso, alguém ter a cara de pau de taxar meu envolvimento como "fixação doentia" e me taxar de "anormal" é de uma deselegância atroz. É tipo, "Sua louca, pare de ser louca!"

O equivalente a trombar num cego e perguntar "não olha por onde anda???"
Resumindo, não é só deselegância, é desrespeito, também.

E não, sua couraça de egocentrismo e "foda-se" não muda essa realidade.

terça-feira, julho 07, 2009

Eu tenho o poder mutante de me transformar em lixo

Não é incrível? Eu não congelo objetos com meu olhar, eu não lanço línguas de fogo, eu não leio mentes.
Eu me transformo em lixo.

O processo é bem simples: primeiro eu me exponho a seres humanos. Então eu deixo que eles me envolvam, me seduzam e dou o melhor de mim nesse processo. O melhor de mim MESMO, o melhor de mim inteira, porque eu não sei fazer joguinhos.
Aí, depois de utilizado o que tinha de mais doce - bem direitinho, lambendo o invólucro pra não sobrar nenhuma doçura: tchanam!

EU VIRO LIXO!!!! Perco todo meu valor e sou descartada. E se ainda fico por perto pela natureza grudenta do meu recheio, causo justificadíssima ira.

E aí? Qual é seu poder mutante?

segunda-feira, julho 06, 2009

Hermética e gastronômica

Frustração é ter se esforçado a vida toda para ser um medalhão da melhor carne, ao molho de frutas exóticas e, quando finalmente se chega à mesa, descobrir que seu comensal preferia mil vezes um BigMac....

sábado, julho 04, 2009

Intrigas de estado

Quando fui ver, não tinha a mínima referência. Só sabia que era com o Russell Crowe e era o suficiente, amo o homem sarado, gordo, insano ou equilibrado. Fazendo o que fizer, adoro.
Aí, logo descobri que era filminho de jornalista. E eu adoro uma história de jornalista. Como muitos sabem, eu me formei em Comunicação pela USP, nos idos (muito idos) de 1995 e por isso - e por ter muitos amigos que continuaram na lida - sei que não é essa ação toda, que a coisa não tem o menor glamour e que nem tudo é bem assim. Mas continuo adorando.
Até porque tem um amigo meu que lembra muito o Crowe. Ele não é nada investigativo e é até sossegado demais, mas enfim. Eu tenho um amigo que se larga nas investigações até quase (quase?) botar a vida na berlinda, mas ele não lembra nada o ator, é japonês. E tem um outro que mata entrevistados de medo com o olhar, mas também não parece com ninguém que vocês conheçam.
Não importa como, tenho uma nostalgia brava do jornalismo. Pena que estou velha demais pra voltar.
E o filme é bom, vão ver.

quinta-feira, julho 02, 2009

Ao Sr. Muito Importante

Depois de três anos de uma relação em que você me partiu em mil pedacinhos, eu voltei a falar com você. Porque o seu bom papo sempre me convenceu de que você me apreciava como pessoa e tudo aquilo era parte das circunstâncias.
E voltamos a conversar. Eu sempre tratada como um resíduo nuclear, tive que criar um pseudônimo masculino para falar com você no GTalk.
E o tempo passou, você voltou a usar seus pseudônimos antigos e até volta a postar no blog de velhas amigas - mas NO MEU, NÃO.
Eu não posso entrar no seu MSN porque ele é "público" (resumindo, tu é um frouxo que não controla o acesso da tua mulher sobre ele - aliás, sobre tudo na tua vida). Não posso mandar um sms do meu celular porque "meu número pode ser visto".
Enquanto isso, você faz sexo virtual com metade da web.

Quer saber? Mesmo? Vá a puta que te pariu. Ninguém me trata como pessoa de segunda classe, muito menos você. Siga seu rumo e seja feliz com sua hipocrisia. Eu vou é cuidar mais de mim.

quarta-feira, julho 01, 2009

Da vida real, ela mesma

Depois de finalmente sacar meu FGTS, atravessando várias questões burocráticas para provar que eu solteira-casada-divorciada sou a mesma pessoa.
Agora meu destino é correr atrás do seguro-desemprego. Como a coisa é feita? Claro, do modo mais inteligente: você pega às seis e meia a fila para a distribuição de senhas que começa às oito: e reza para estar entre os 150 primeiros.
Não consigo deixar de ranger os dentes e pensar que estabelecer um sistema de agendamento não iria, necessariamente, colocar o sistema em colapso. Mas não basta dar o benefício: é preciso humilhar e maltratar o desempregado. Com mil caralhas!!!