sexta-feira, novembro 26, 2010

Enquanto a editora não lança o livro...

Um trechinho de Ogai Mori pra vocês:

Uma mulher pode encantar-se com um artigo em particular, ainda que não chegue a pensar em comprá-lo. A cada vez que passar por uma vitrine onde se encontra exposto um anel ou um relógio ela pode parar e olhá-la. Não vai até a loja deliberadamente. Se por outros motivos ela voltar a ir ali, sempre aproveita para dar uma olhada. O desejo de posse e o fato de jamais comprar o artigo desejado se misturam e surge uma vaga, quase imperceptível, e doce melancolia. A mulher tem prazer em sentir esse gosto. Por outro lado, o objeto que ela pretende comprar causa uma angústia intensa. Provoca inquietude, a ponto de não dar-lhe sossego. Mesmo quando sabe que poderia comprá-lo, se aguardasse alguns dias, mal pode esperar por isso. Pode acontecer de sair para fazer a compra num impulso, à despeito do calor ou do frio, da noite fechada, da chuva ou da neve. A mulher que rouba numa loja não foi talhada em madeira diferente. É apenas uma mulher que perdeu o senso do limite entre as coisas que quer e as que pode comprar. Para Otama, Okada tinha sido como um artigo que ela desejava à distância, mas agora, de um momento para outro, tornara-se algo que ela queria adquirir.

(MORI, Ogai. O Ganso Selvagem (edição bilingue). Belo Horizonte: Tessitura Editora, 2010. pg. 210. Tradução Meiko Shimon e Samara Leonel)


Não é genial? Gan não é a melhor obra da literatura japonesa, mas a genialidade de Mori para prescutar a alma humana não pode ser negada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Saaaaaaaam!!
Eu to sem net em casa então tô com tudo atrasado, mas vou fazer sim um post sobre o video, é uma das danças que eu mais me emocionei em dançar até agora, merece sim... *-*
Preciso falar contigo, sim. Daqui a alguns dias eu volto pra net e a genet se ve!
Saudades mil,
agora vou ler teu post hahaha
beijooo