
Ela raspava, raspava, mas de nada adiantava. Continuava a lhe crescer das axilas, do rego entre os seios, do meio das nádegas, do sexo e tomava tudo. Não, não eram pêlos. Estes, ela não tinha nenhum. Era musgo. Um musgo verde e macio que não parava de tomar conta do corpo dela. Já tinha brincado de deixar só um pouquinho sobre os mamilos ou no lugar dos pelos pubianos. Mas a verdade é que não o dominava.
O musgo crescia a partir dos lugares sombreados e ia tomando o corpo todo. Cada pedacinho dela. Por isso aquela agonia, aquele medo.
Ela se "depilava" todos os dias. Mas sabia que o musgo continuaria a crescer.
Seu maior medo era ficar inválida e aquela massa verde tomar conta de todo o corpo dela, do rosto. De mudar a forma de seu corpo e a deixar muito parecida com as rochas recobertas de musgo que via no parque. (Seriam mesmo rochas?)
3 comentários:
Intenso esse conto, Samara.
Musgos, limo... escorrega, desliza, recobre e esconde!
Gostei muito desse conto. É lindo, mágico e triste.
Acho que todo mundo já carregou musgos em si.
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